Flordelis: A pastora e ex-deputada criminosa | ASSASSINAS EM SÉRIE


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Esta matéria aborda temas que causam desconforto emocional, incluindo homicídio e abuso sexual. Não indicada para leitores sensíveis e menores de 18 anos.

Com uma vida pública de empatia, o assassinato de seu marido, Anderson do Carmo, em 2019, revelou uma realidade abusiva entre crenças, política e moral.


| Escrito por Leticia Vitória de Melo Torres


No cenário político e religioso do Brasil, poucos nomes se destacaram de maneira tão intensa quanto o da deputada federal e pastora evangélica Flordelis dos Santos de Souza. Sua trajetória oscila entre a religião, política e tragédias, sendo acompanhada pela mídia.

Flordelis foi cassada pela Câmara dos Deputados e, posteriormente, condenada a 50 anos de prisão pelo assassinato brutal de seu marido, o pastor Anderson do Carmo, ocorrido em 2019.

Inicialmente, a história foi apresentada como um latrocínio, morto com mais de 30 tiros na garagem de casa, as investigações revelaram conflitos na vida da pastora e de sua família.

No inquérito foi descoberto que enquanto a pastora defendia publicamente a família conservadora e o matrimônio, na intimidade, frequentava festas com trocas de casais e rituais de "purificação", cujo incluíam relações sexuais com seus filhos.

Um possível envolvimento de diversos membros no planejamento e execução do assassinato de Anderson foi apontado, filhos adotivos e biológicos estavam entre os suspeitos. Durante o processo, foi alegado que a motivação por trás do crime seria por desavenças familiares, disputas financeiras e questões relacionadas ao poder.

O caso se tornou um dos julgamentos mais acompanhados do Brasil. A deputada perdeu sua imunidade parlamentar em 2021 e, desde então, o julgamento contou com testemunhas apresentando diferentes versões do evento. Flordelis negou veementemente qualquer envolvimento no assassinato de seu marido, alegando ser vítima de difamação e conspiração.

Em sua defesa, a ré tentou argumentar que Anderson do Carmo foi morto por outros membros da família por abusos sexuais e morais que cometia contra os parentes.

Ela foi condenada a 50 anos de prisão, como mandante do homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, além do uso de documento falso e associação criminosa armada.

Flordelis ganhou notoriedade em 1980 por sua atuação na favela de Jacarezinho, no Rio de Janeiro, onde adotou mais de 50 crianças e jovens, tornando-se conhecida como a "mãe do Brasil". Além de trabalhos solidários, ela investiu na carreira de cantora gospel e na religião. Em conjunto com o então marido, fundaram a igreja "Comunidade Evangélica Ministério Flordelis", localizada em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Sua trajetória a tornou conhecida em círculos evangélicos e, mais tarde, na política.

Em 2018, Flordelis fez sua estreia na política brasileira ao ser eleita deputada federal pelo Partido Social Democrático (PSD), representando o estado do Rio de Janeiro. Sua candidatura atraiu a atenção devido à sua popularidade como pastora e cantora gospel.

A testemunha que morou na casa da família nos anos 90 relatou uma rotina que envolvia rituais secretos com uso de sangue, nudez e sexo. Flordelis se aproveitou da vulnerabilidade de crianças em situação de rua para abusá-las. De acordo com o homem, a casa da pastora era uma seita, por isso todos os filhos precisavam manter relações sexuais com ela.

O pastor Anderson já vivia na residência e, em determinadas ocasiões, pedia a Flordelis autorização para se relacionar com jovens que haviam recém-chegado. Recebendo pastores estrangeiros em sua casa, o casal oferecia sexualmente uma das filhas.

O jornalista Ulisses Campbell, autor do recém-lançado livro "Flordelis – A Pastora do Diabo", mergulhou profundamente na vida da pastora e ex-deputada federal, expondo a história de abusos, crimes e uma vida muito diferente da imagem pública de Flordelis.

Campbell conduziu entrevistas íntimas com membros da família, incluindo seus filhos adotivos e pessoas que conheciam de perto sua rotina. As revelações resultaram no livro, entre destacam-se: sequestro de bebês de mães vulneráveis, abusos sexuais cometidos contra os filhos, orgias disfarçadas de sessões de purificação, acesso limitado à comida imposta no lar adotivo e o plano para assassinar o cônjuge. Sendo comparada com os criminosos João de Deus e Roger Abdelmassih, acusados de abuso sexual.

O julgamento é visto por muitos como um teste importante para a justiça brasileira por se tratar de uma figura religiosa e política influente, mas também como uma ré em um caso de homicídio.

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